Páginas

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Uma mordidinha não dói

@normalucia.69 - No post de hoje Madame Bovary traz o erotismo de Anne Rice, autora de livros como "Entrevista com vampiro" e "Rainha dos condenados".

Nem é preciso uma análise muito complexa para se chegar à conclusão de que vampiros estão entre os Top 10 de “Seres fantásticos sensuais”. São muitas as representações de vampiros ao longo da história e Anne Rice é uma das autoras que marcaram o nosso imaginário sobre vampiros. Os seres noturnos de Rice exalam sensualidade e as obras da autora estão recheadas de erotismo. 

Algumas das obras de Anne Rice
“Seu rosto se inflamou. Ele olhou para mim, para meus seios, minhas ancas e depois meu rosto. Envergonhado e tentando disfarçar. Desejo.
- Você continua sendo homem? – perguntei.
Ele não respondeu. Mas sua expressão esfriou.
- Você nunca saberá inteiramente o que eu sou! – disse ele.
(...)
- Essa transformação, essa passagem para a espécie dos bebedores de sangue, isso não aumentou sua estatura. Será que aumentou alguma outra parte sua?” (Pandora, p.126)
Seres altamente sexualizados, mas com um “pequeno problema”: seus órgãos sexuais não têm muita utilidade mais.

“- Pandora, amo você! – exclamou ele desarmado.
- Ponha isso dentro de mim – disse eu pegando o que ele tinha entre as pernas. – Me complete e me abrace.
- Isso é bobagem e superstição!
- Nada disso – disse eu. – É uma coisa simbólica e reconfortante.
Ele obedeceu. Nossos corpos se uniram, ligados pelo órgão estéril dele que agora para ele era a mesma coisa que seu braço (...)” (Pandora, p. 175)

Nas histórias de Anne Rice – e no imaginário vampiresco no geral –, o equivalente ao ato sexual é a mordida, o tal beijo do vampiro. Dizem, inclusive, que o prazer sentido nesse momento supera, e muito, o gozo que nós, simples mortais, sentimos.

“Estávamos abraçados, eu queria cravar-lhe meus dentes, beber seu sangue, e fiz isso, e senti-o bebendo o meu. Essa era uma união mais forte do que qualquer outra que eu já conhecera num leito conjugal (...).” (Pandora, 175)

Outra característica dos personagens criados por Rice é, digamos, a falta de critérios rígidos para a escolha do objeto de desejo. Os vampiros não se prendem a questões como gênero, idade, raça ou parentesco. É comum que os personagens da autora se sintam atraídos por pessoas do mesmo gênero e de gêneros diferentes, por irmãos, primos e afins, e por adultos ou crianças – em alguns momentos isso é mostrado de forma explícita, em outras, de forma insinuada. Tudo isso é colocado de maneira natural, sem rótulos. A relação de Louis e Lestat em “Entrevista com o vampiro”, por exemplo, não é definida claramente, mas está nesse lugar de encantamento, sedução e atração.

“Agora me escute, Louis – disse ele, sentando-se a meu lado no degrau, de modo tão gracioso e íntimo que me fez pensar nos gestos de um amante. Recuei. Mas ele passou seu braço direito por meus ombros e me aproximou de seu peito. Nunca havido estado tão próximo dele, e sob a pálida luz, pude perceber o magnífico brilho de seus olhos e a superfície sobrenatural de sua pele. Quando tentei me mexer, colocou os dedos em meus lábios e disse: Fique quieto.” (Entrevista com o vampiro, p. 25).




Outro exemplo é a relação de Louis com Cláudia, uma menina-vampiro que tem como destino nunca chegar a ser mulher.

“Não podia suportar aquilo: olhá-la [Louis está se referindo a pequena Cláudia, antes de transformá-la em vampiro], querendo que não morresse e desejando-a. E quanto mais a olhava, mais podia sentir o gosto de sua pele, sentir meu braço escorregando por suas costas e puxando-a para mim, sentir seu pescoço macio. Macio, macio, era assim que ela era, muito macia. Tentei dizer a mim mesmo que para ela seria melhor morrer – o que seria dela? – mas tais pensamentos não serviam de nada. Desejava-a!” (Entrevista com o vampiro, p. 90-91)
Belos, charmosos e cultos. Não é de se espantar que os vampiros da autora povoem as fantasias sexuais de menininhas por aí. E mesmo quem acha que ter sonhos eróticos com vampiros não é uma coisa muito saudável, deve confessar que com a escrita altamente sensual de Anne Rice não tem como impedir um ou outro arrepio – de desejo.

Jogo rápido: Anne Rice


Esse ano Anne Rice completará 70 anos
 
Ela nasceu em Nova Orleans, nos Estados Unidos – cidade presente em vários dos seus romances. Seu nome de batismo é Howard, só depois se autodenominou Anne.  Após a morte do marido, em 2002, deixou de escrever livros sobre seres fantásticos, tornou-se cristã e passou a se dedicar a obras com temáticas religiosas. Em 2010, ela abandonou o cristianismo por não conseguir ser antigay, antifeminista e anti-contraceptivos. Anne Rice virá para a Flip deste ano.


0 comentários:

Postar um comentário